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'Achei que votariam em mim por dó', diz deficiente visual eleito em Tapiraí

Data de Publicação: 09 de Outubro de 2016

Gerson Glasser, vereador de Tapiraí, atualmente é presidente da Câmara Municipal

Gerson Glasser, vereador de Tapiraí, atualmente é presidente da Câmara Municipal

O caminho para o trabalho do vereador Gerson Luiz Glasser (PSDB) irá mudar a partir de janeiro. Após 20 anos trabalhando na Câmara Municipal de Tapiraí (SP), o parlamentar de 46 anos se prepara para assumir a cadeira de vice-prefeito do município de pouco mais de 8 mil habitantes. Deficiente visual desde os 13, o atual presidente do Legislativo mudou de partido e se ofereceu para disputar o pleito. Neste ano, a chapa, que teve o candidato Alvino (PSDB) como prefeito, venceu com 2.196 votos, 46,01% do total (confira como ficou a apuração dos votos em Tapiraí).

Em entrevista ao G1, o vereador conta que o legado vem de família. “Meu avô, que foi vereador e vice-prefeito na cidade, passou o bastão para o meu pai, que disse para eu seguir na política. Foi muito difícil, porque achei que iriam votar em mim por dó. Não queria voto por misericórdia e, sim, por reconhecimento. Meus amigos e familiares incentivaram a candidatura e fui eleito em 1997, desde então estou a cinco mandatos ininterruptos na Câmara”, afirma Glasser.  Ele relembra que, em 2003, foi subprefeito no distrito de Rio do Turvo, na própria cidade, por 10 meses e acredita que o cargo ajudou a ser conhecido na cidade.

Autonomia
O político, que já trabalhou como comerciante ambulante em Sorocaba (SP), conta que quase não usa o braile durante o trabalho. É com a ajuda de aplicativos e sistemas de tecnologia com acessibilidade que Glasser consegue despachar documentos oficiais de seu gabinete e presidir as sessões.

“O braile eu só uso para fazer anotações e chamar requerimentos para votação, por exemplo. No mais, respondo e escrevo e-mails do computador normalmente.” Por ter sido alfabetizado antes de perder a visão, ele conta que se lembra da própria letra e assina papéis sem dificuldade.
Preocupado com as questões de acessibilidade, Glaisser disse que, durante o atual mandato de presidente do Legislativo, foi construída uma rampa de acesso à Câmara. “Muitos deficientes da cidade continuam trancados dentro de casa. Eu mesmo tive que trabalhar [como ambulante] em Sorocaba porque o campo aqui era difícil, não tinha espaço.”
Gerson é casado com a também deficiente visual Marise Ferraz de Moraes Glasser, que dá aulas de informática pela internet a outros deficientes. "Sempre tive total autonomia. Aos quatro anos perfurei um dos olhos e, quando perdi totalmente a visão, aos 13 anos, comecei a estudar em Sorocaba para aprender braile e também tive aulas de locomoção. Já fui ao Paraguai sozinho de ônibus", finaliza.

Fonte: G1 Sorocaba e Jundiaí

http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/eleicoes/2016/noticia/2016/10/achei-que-votariam-em-mim-por-do-diz-deficiente-visual-eleito-em-tapirai.html

 Foto: Arquivo pessoal)