Uma avaliação básica dos principais sites dos Poderes Executivo e Legislativo de Sergipe e de Aracaju aponta que eles ainda apresentam barreiras para a navegação de usuários com deficiência. Os resultados foram apresentados pelo movimento Web Para Todos, responsável pela análise, durante uma live promovida pelo projeto Aracaju Acessível, com mediação do vereador Lucas Aribé (Cidadania). O painel contou com a parceria da Beplay e Empreendex para audiodescrição, do ITC Libras e legenda automática. 

Um estudo do Movimento Web para Todos e da BigDataCorp, divulgado em maio, indicou que apenas 0,74% dos sites brasileiros foram aprovados em todos os testes de acessibilidade para pessoas com deficiência. A pesquisa incluiu 14,65 milhões de sites ativos no país. Em tempos de pandemia de coronavírus, onde a informação é rapidamente atualizada nas redes, muitas dessas pessoas podem ficar sem acesso, à margem da falta de ajustes de veículos na rede. 

A partir destes critérios também foram realizados testes em vários elementos das páginas web do governo de Sergipe, da Prefeitura de Aracaju, da Câmara de Aracaju e da Assembleia Legislativa. Para este estudo simplificado, foram considerados três recursos: imagens, links e formulários, que se tornam barreiras ao acesso se não aplicados corretamente.

O resultado da análise revela ainda uma enorme dificuldade de adequação aos padrões técnicos de desenvolvimento Web. Todos os domínios pontuaram abaixo da média definida pelos validadores Access Monitor  e AsesWeb (do governo federal). “Esse panorama ainda é preocupante e ao mesmo tempo desafiador. Por isso, nosso intuito não é criticar, mas deixar claro que só vamos conseguir tornar os espaços digitais acessíveis a partir de uma construção coletiva. A causa da acessibilidade web depende de todos nós”, salientou Aribé. 

“A tecnologia se transformou em um item essencial para a sociedade, mas o mundo digital ainda está inacessível. É preciso pensar inclusivamente, desenvolvendo sites, aplicativos e conteúdos que sejam bons para todos. Para isso, é necessário seguir as regras do W3C, o que não significa apenas pensar na programação, mas também no design para a experiência de navegação e no conteúdo pois é preciso oferecer formatos adequados para cada público”, observou Freire. 

Há, no entanto, na visão da especialista, uma tendência em prol da redução de barreiras que dificultam o acesso a sites pelos mais de 45 milhões de brasileiros com deficiência (Censo IBGE/2010). 

Imagens que Falam 

Durante o painel virtual acessível, também foram discutidas estratégias para tornar ambientes online inclusivos demonstrando o impacto direto da acessibilidade para a igualdade e autonomia de todos os cidadãos. “A Acessibilidade digital favorece todas as pessoas, inclusive, quem não tem uma deficiência tão severa. Ou seja, há um grande potencial de pessoas, consumidores, que podem se engajar com marcas e serviços e, para isso, precisam da acessibilidade”, afirmou Simone Freire. 

O vereador Lucas Aribé também anunciou que o Projeto Aracaju Acessível tornou-se parceiro da campanha #ImagensQueFalam , que tem disseminado os conceitos de descrição de elementos não visuais a desenvolvedores, designers e produtores de conteúdo. 

Esse é um critério de acessibilidade digital relativamente simples e rápido de ser resolvido e que impacta diretamente a vida de cerca de sete milhões de brasileiros com cegueira ou baixa visão que dependem do leitor de telas para navegação. “Quando a foto não está descrita, o leitor de tela vai ler apenas o código da imagem. A descrição oportuniza que as pessoas cegas também possam conhecer aquele conteúdo. É um recurso simples, necessário, agregador e que valoriza o indivíduo”, apontou Lucas. 

Pontuação dos sites sergipanos 

Órgão -  Access Monitor - AsesWeb 

Prefeitura de Aracaju -  4,4 - 85,63%
Governo de Sergipe - 4,4 - 74,92%
Câmara Municipal de Aracaju - 5,4 - 86,75%
Assembleia Legislativa - 5,5 - 83,97%

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