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Entenda porque o tempo semafórico influencia na segurança de quem se desloca a pé

Data de Publicação: 28 de Janeiro de 2020

#PraTodoMundoVer Foto de uma avenida, onde há uma faixa de pedestres pintada e, acima, um semáforo com luz vermelha

#PraTodoMundoVer Foto de uma avenida, onde há uma faixa de pedestres pintada e, acima, um semáforo com luz vermelha

Uma verdadeira corrida. Assim é a travessia de quem precisa passar por uma faixa de pedestre na maioria das cidades brasileiras, incluindo Aracaju. A conclusão é de um estudo conduzido pelo Instituto Corrida Amiga, que na capital sergipana foi realizado pelo projeto Aracaju Acessível, em mais de 20 sinaleiras distribuídas em várias partes da cidade.

O Código de Trânsito Brasileiro coloca o pedestre em deslocamento ativo como prioridade no sistema de mobilidade. No entanto, o levantamento mostrou que o brasileiro tem, em geral, pouco mais de seis segundos para fazer a travessia, enquanto o tempo médio de sinal vermelho para as travessias foi de 1 minuto e 50 segundos. "Com essa velocidade média de um metro por segundo, não sei qual pedestre consegue atravessar porque a maioria dos semáforos está ajustada para quem consegue andar mais rápido”, afirma o vereador Lucas Aribé, idealizador do Aracaju Acessível.

Em Aracaju, o ponto mais crítico mapeado foi no cruzamento das avenidas Barão de Maruim com Ivo do Prado, no centro da cidade. O local fica próximo a uma unidade de ensino, que oferece cursos profissionalizantes, onde há um grande fluxo de pessoas. Neste ponto, não há um tempo destinados a pedestres, pois é um local de múltiplas possibilidades de convergência veicular. Quando uma das sinaleiras para veículos fecha, a outra se abre, não oferecendo um tempo exclusivo para pedestres.

#PraTodoMundoVer Foto de uma avenida, onde há uma faixa de pedestres pintada. Dois homens estão parados na calçada do lado direito

#PraTodoMundoVer Foto de uma avenida, onde há uma faixa de pedestres pintada. Dois homens estão parados na calçada do lado direito

O tempo que o semáforo fica aberto deve levar em conta a velocidade dos pedestres. O manual brasileiro de sinalização considera a velocidade de travessia dos pedestres igual a 1,2 m/s, mas idosos e pessoas com mobilidade reduzida, por exemplo, não conseguem atingir essa velocidade.

Em  várias cidades, a exemplo de São Paulo, as prefeituras admitem que o mais seguro seria adotar 0,80 m/s. Capitais como Curitiba e Belo Horizonte já adequaram o tempo semafórico dentro dessa perspectiva. Em Aracaju, na visão de Lucas, a ausência do Estatuto do Pedestre – rejeitado pela Câmara de Vereadores no ano passado – impede que uma mudança nesse sentido seja efetivada com maior agilidade.

“A caminhada faz parte do processo de socialização do indivíduo, além de conectá-lo diretamente com a cidade. Por isso, não pode ser uma atividade que o exponha a riscos. É preciso que todos as pessoas tenham condições de conviver com seus iguais no meio social de maneira justa e harmônica”, pontua Aribé.

De acordo com a gestora ambiental e idealizadora do instituto Corrida Amiga, Silvia Stuchi, é preciso fazer valer o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), no segundo parágrafo de seu artigo 29. “Nas cidades brasileiras, os tempos semafóricos estão muito longe de cumprir com a legislação e garantir a segurança das pessoas, em especial, de crianças e idosos, que são os que mais sofrem com essa distribuição desigual e injusta.  Quanto mais adequado for o tempo de travessia dos pedestres, maiores as chances de as pessoas se deslocarem a pé e se apropriarem dos espaços públicos”, observa.