Dia a Dia

Sergipanos criam kit que reduz o custo de bicicletas acessíveis

Data de Publicação: 01 de Agosto de 2018

Andar de bicicleta pode parecer das brincadeiras mais simples que se aprende ainda na infância. Mas não é tão fácil assim quando se tem alguma deficiência. Para conseguir uma bicicleta do tipo ODKV (O de cá vê), por exemplo, é preciso gastar pelo menos R$ 3 mil. Porém, essa realidade pode ser mudada com a ajuda de um kit desenvolvido por alunos sergipanos que conseguiram desenvolver um produto quase dez vezes mais barato. O início da produção em série depende apenas de um investimento de R$ 50 mil.

Para Carleilton Almeida, 42 anos, que era monocular, mas no segundo semestre do ano passado começou a perder a visão do olho esquerdo, pedalar sempre foi um sonho muito distante. Não pela falta de vontade, mas por nunca ter tido condições de comprar uma bicicleta adaptada. “Se eu tivesse, iria me dar a oportunidade de fazer um passeio ou até me deslocar para os meus compromissos usando a ciclovia, acompanhado de alguém, coisa que nunca consegui”, diz.

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O Bike Acess foi criado por estudantes do Curso Técnico em Mecânica do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em parceria com o Instituto Lucas e Mariana Aribé de Acessibilidade para a Inclusão Social de Pessoas com Deficiência (Iluminar). O projeto ficou na sétima colocação da Mostra Inova na 10ª Olimpíada do Conhecimento 2018 e em segundo lugar na votação popular.

O kit foi inspirado em uma bicicleta adaptada desenvolvida pela Instituição Não Governamental (ONG) Embrião, do Rio Grande do Sul, e permite às pessoas com deficiência visual pedalarem ao lado de outro ciclista. “Só o número de pessoas com deficiência visual no Brasil chega a 6,5 milhões e temos ainda 30 milhões de idosos, ou seja, há uma população enorme que poderá ser beneficiada a partir desse equipamento e o investimento inicial pode ser recuperado já a partir do quarto mês de vendas, segundo as projeções do projeto”, afirma o vereador Lucas Aribé.

O cadeirante Robson Machado experimentou o Bike Acess e descreve a percepção de estar sobre duas rodas. “Ele nos dá a sensação de liberdade para fazer todos os movimentos que o ciclista sem limitações faz”, diz, acrescentando que a presença do guia ao lado lhe deu “segurança suficiente”.

Lucas lembrou que o projeto gaúcho foi trazido para Aracaju em 2013 durante a primeira edição da Semana Aracaju Acessível. Ele ressalta que o perfil inovador da equipe do Senai foi essencial para conseguir uma maneira mais prática e econômica de fazer a união entre as bicicletas. “É preciso reconhecer e agradecer o empenho dessa turma porque a gente não imaginava que uma ideia tão simples teria tanto alcance”, concluiu o vereador, ressaltando que a demonstração do kit também será feita durante a 6ª Semana Aracaju Acessível, de 16 a 23 de setembro deste ano.